Cada vez mais mulheres vêm adiando o sonho de ser mãe. Segundo o IBGE, o número de mulheres que optaram pela maternidade somente após os 40 anos cresceu 65,7% em 12 anos. Outra faixa etária que apresentou alta no período foi a de 30 a 39 anos. Subiu 19,7%.
A escolha pela gravidez em idade mais avançada não representa mais impedimento. Já que graças à medicina, são muitos os recursos disponíveis. Essas mulheres têm à disposição desde técnicas mais simples, como a relação sexual programada, na qual o sexo é feito durante o período fértil, até métodos em que a fecundação ocorre em laboratório. Para todos os casos, são necessários exames a fim de se avaliar a função reprodutiva da mulher ou do casal.
A cenógrafa Marília Almeida, de 38 anos, está entre aquelas que escolheram a gestação tardia e congelou embriões. A pandemia mudou seus planos de engravidar, adiados para o final de 2025. Em 2022, ela procurou atendimento médico para aumentar a ovulação e precisou perder peso para ajudar na realização do processo. Na ocasião, fez fertilização in vitro dos embriões. Marília conta que cada experiência é única.
"É interessante você entender que não está sozinha nesse processo de querer engravidar e que o seu processo é diferente do outro. O que é muito válido e que esse é o meu. Pois o meu não veio com dificuldades de fertilização, foi um processo que eu atrasei por questões pessoais."
Outra que escolheu engravidar depois dos 40 foi a advogada Ansely Justen, mãe da Nathália, de seis anos. Após várias tentativas, ela desistiu de engravidar, mas acabou descobrindo a gestação naturam aos 44 anos, antes mesmo de iniciar o tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde. Para ela, a maternidade nessa faixa etária traz benefícios que a juventude não comporta.
"É que você quer aquilo com muita vontade. Não é aquela de que aconteceu sem pensar. Todos os prós e até os contras são amenizados nessa situação. Claro que precisamos de todos os apoios. Talvez se eu fosse mãe mais nova não teria a disponibilidade nem a paciência que tenho hoje pra minha filha".
A jornalista Isabela Santos escolheu engravidar aos 40 anos em meio a uma rotina profissional atribulada. O “click” veio quando uma amiga ponderou que qualquer que fosse a decisão, ela teria impactos permanentes. Isabela, na época casada há quatro anos, conta que o processo ocorreu de forma natural, espontânea e não planejada.
“Uma amiga me disse uma questão que me pegou: - ‘Bela, não ter também é para sempre’. A gente usava preservativo. Fizemos um acordo e jogamos para o universo: o que tiver que ser, será. Como já tínhamos 40 anos, não estávamos mais com a vida toda pela frente. Logo em seguida, engravidei e estamos juntos até hoje. Uma decisão conjunta. Ficamos assustados e muito felizes com o resultado. Foi uma gravidez sem nenhuma intercorrência, muito tranquila”.
Especialista em reprodução humana, Maria do Carmo Borges de Souza diz que, em relação às mulheres que em idade mais avançada, quanto antes forem tomadas as decisões sobre uma futura gestação, maiores as chances de sucesso. Principalmente em procedimentos de fertilização, como o congelamento de óvulos ou o uso de embriões.
“O óvulo tem a idade da mulher e à medida que o tempo passa, esse óvulo que estava guardado e se apresenta para funcionar, terá a idade da mulher”.
A especialista em reprodução humana pondera que a escolha do método para engravidar também passa por uma questão ética.
“O óvulo a mulher pode definir a qualquer momento quando quer usar, já o embrião diz respeito a duas pessoas, então as duas precisam autorizar”.
Para o congelamento de óvulos, não é necessário fazer cirurgia para realizar a coleta dos óvulos, que são recolhidos via transvaginal com sedação. Já a inseminação artificial é realizada no período fértil da mulher e consiste em injetar o sêmen preparado e melhorado em laboratório diretamente no útero da paciente. A fertilização in vitro e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides estão entre as técnicas mais avançadas. Em ambos os casos, a fecundação é feita no laboratório.