O empresário americano John Textor, dono da SAF do Botafogo, apresentou nesta segunda-feira, 22, as suas denúncias de corrupção no futebol brasileiro perante uma comissão do Senado que investiga suspeitas de manipulação de resultados de jogos.
"O que nós descobrimos é que aqui não é nada diferente do que acontece no resto do mundo, Bélgica, França, em toda a Europa. A manipulação de resultados [no futebol] é uma realidade", disse Textor em inglês, segundo a tradução ao português de suas declarações em uma transmissão aberta do Senado.
Durante três horas de interrogatório na comissão criada pelo ex-craque e hoje senador Romário (PL-RJ), o empresário denunciou uma "caixa preta" na forma como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) seleciona os árbitros.
Ele afirmou ainda que modernas análises digitais de vídeo que contratou conseguiram discernir entre erros de jogadores e condutas irregulares.
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"A imagem do computador nos permite perceber e avaliar as imagens de forma muito mais precisa do que um ser humano é capaz de enxergar", afirmou.
Textor disse que fornecerá a documentação das supostas manipulações aos parlamentares em uma sessão fechada na noite desta segunda-feira.
A comissão especial investiga o suposto envolvimento de jogadores, dirigentes e empresas de apostas na manipulação de resultados de jogos.
Em especial, citou exemplos de irregularidades que teriam beneficiado o Palmeiras, campeão do Brasileirão de 2023, para desgosto do Botafogo, que perdeu a liderança de forma inusitada na reta final, após liderar 31 dos 38 jogos e com uma vantagem que chegou a 13 pontos sobre seus perseguidores na tabela.
"Vamos demonstrar de forma conclusiva que o Palmeiras se beneficiou com a manipulação de resultados", disse Textor.
Segundo a Good Game, empresa contratada pelo milionário americano, o seu "método, desenvolvido em quase 15 anos de experiência na análise de dados de desempenho, consegue detectar manipulações em partidas com probabilidade superior a 99%".
No início deste mês, o Palmeiras pediu que Textor fosse multado pelas acusações.
À frente do grupo Eagle Football, com participações no francês Lyon, no belga Molenbeek e no inglês Crystal Palace, além do Botafogo, o empresário enfrenta um julgamento por outros motivos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Futebol, que já o multou no passado.
Em novembro, ele foi suspenso e multado por acusar a CBF de corrupção após a derrota de seu time por 4 a 3 para o Palmeiras.
Diante dos senadores, ele voltou a atacar a entidade máxima do futebol brasileiro.
"Peço que diminuam o poder da CBF [...] Esse jogo vale a pena ser jogado aqui, é hora de limpá-lo", declarou.